Via Sacra escrita por Dom
Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos, RJ (1949-1981)
ORAÇÃO
PREPARATÓRIA
Meu
Senhor Jesus Cristo, disponho-me a acompanhar-Vos no caminho que trilhastes do
pretório de Pilatos ao Calvário, para Vos imolardes por minha salvação.
Peço-Vos a graça de nos conceder grande dor e arrependimento de ter pecado,
causando vossos atrozes sofrimentos, e que vosso Sangue preciosíssimo infunda
em minha alma o propósito firme de nunca mais pecar.
ANTES
DE CADA ESTAÇÃO
Dirigente: Nós Vos adoramos, Senhor, e Vos
bendizemos;
Todos: Porque pela vossa Santa Cruz
remistes o mundo.
No
final da consideração, depois da Pai-nosso, Ave Maria, e Glória:
Todos: PESA-ME, SENHOR, de todo o meu
coração ter ofendido a vossa infinita bondade, proponho com vossa graça a
emenda, e espero que me perdoeis por vossa infinita misericórdia. Amém.
Dirigente: Compadecei-vos de nós, Senhor!
Todos: Compadecei-vos de nós!
Dirigente: Que as almas dos fiéis defuntos,
por misericórdia de Deus, descansem em paz.
Todos: Amém.
OBS.:
O FIEL DEVE FICAR:
DE
PÉ: Durante o Cântico e a Leitura do
Texto.
DE
JOELHOS: Durante a leitura
do texto da 12.ª Estação e demais orações.
1ª
ESTAÇÃO
A morrer crucificado
Teu Jesus é condenado
Por teus crimes, pecador (bis)
(segue depois de cada
canto)
Pela Virgem Dolorosa,
Vossa Mãe tão
piedosa,
Perdoai-me, meu
Jesus! (bis)
Jesus é condenado à
morte
Dirigente: Cedendo aos clamores dos judeus,
Pilatos condenou Jesus à morte na Cruz. O que levou os judeus a pedirem a morte
de Jesus Cristo foi sua infidelidade. Quiseram seguir uma religião do seu
agrado, e não a Religião revelada pelo Filho de Deus humanado. Nisto imitaram a
desobediência de Adão e a rejeição da vontade de Deus.Nós estamos na mesma
miserável condição. Humilhemo-nos e peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça
de sermos fiéis à Santíssima Vontade de seu Divino Filho.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
2ª
ESTAÇÃO
Com a
cruz é carregado
E do peso acabrunhado:
Vai morrer por teu amor.
Jesus com a Cruz às costas
Dirigente: Depois da vigília no Horto das
Oliveiras e da atrocíssima flagelação, Jesus se submete ainda ao sacrifício de
carregar a Cruz até aa Calvário. Jesus o fez para reparar os nossos pecados.
Aprendamos que sem sacrifício e o habitual espírito de mortificação, nossa
religião é vã, vazia, sem merecimento. Peçamos a Nossa Senhora a graça de
aceitar com alegria as mortificações que nos impõe o cumprimento de nossos
deveres de estado.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
3ª
ESTAÇÃO
Pela Cruz tão oprimido,
Cai Jesus desfalecido
Pela tua salvação.
Jesus cai pela primeira vez
Dirigente: Já esgotado pela insônia, fome e
perda de sangue, Jesus sucumbe ao peso da cruz e cai por terra.Nos desígnios de
Deus, esta queda é para descontar as ofensas de nossos pecados, e para nos
alertar contra nossa presunção. Por nós mesmos só vamos de pecado em pecado, de
queda em queda. Peçamos a Nossa Senhora nos alcance a graça da vigilância na
oração e na fuga das ocasiões de pecado.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
4ª
ESTAÇÃO
De Maria lacrimosa,
Sua Mãe tão dolorosa,
Vê a imensa compaixão.
Jesus encontra-se com sua Mãe
Santíssima
Dirigente: Na agonia, do Horto do Getsêmani e
no processo infame a que foi submetido seu Divino Filho, esteve ausente Maria
Santíssima. Quando, porém, vai Ele consumar o sacrifício da redenção do mundo.
Ela se apresenta. É que ambos, Jesus e Maria, no decretos do Altíssimo, estão
como identificado na missão redentora do homem. É como Mãe dos remidos que
Maria coopera na obra da salvação. É a esta Mãe que recorremos para nos
assegurar a fidelidade a seu Divino Filho, e meio da sociedade paganizada que
nos envolve
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
5ª
ESTAÇÃO
Em extremo desmaiado,
Deve auxílio, tão cansado,
Receber do Cirineu.
Simão
Cirineu ajuda Jesus a levar a Cruz
Dirigente: A breve trecho, no caminho do
Calvário, convencem-se os verdugos do Salvador de que pela extrema debilidade,
conseqüência das torturas a que tinha sido submetido, Jesus Cristo não estava
em condições de carregar o seu patíbulo até ao cimo do monte. Forçaram Simão de
Cirene a carregar a cruz do Salvador. Nossa salvação, por vontade de Deus, não
se realiza sem nossa cooperação. Precisamos, a nosso modo, ajudar Jesus Cristo
a carregar a Cruz. E o fazemos quando não nos conformamos com a maneira de
proceder de uma sociedade que, na prática, se afastou da austeridade cristã.
Que Nossa Senhora nos alcance esta graça.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
6ª
ESTAÇÃO
O seu rosto ensangüentado,
Por Verônica enxugado,
Eis no pano apareceu.
Verônica enxuga a face de Jesus
Dirigente: Do meio daquela multidão sádica que formava o
séquito nefando do Salvador no caminho do Calvário, destaca-se uma mulher forte
que, arrostando a arrogância dos soldados, aproxima-se de Jesus e com uma
toalha Lhe limpa o sagrado rosto desfigurado pelo sangue da coroa de espinhos
pelos escarros dos sicários do Sinédrio e pelas bofetadas da soldadesca
bestial. Admiremos envergonhados a fortaleza desta mulher e peçamos a Nossa
Senhora nos alcance a graça de nunca trairmos por respeito humano nossa
religião, com nosso procedimento.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
7ª
ESTAÇÃO
Outra vez desfalecido,
Pelas dores abatido,
Cai em terra o Salvador.
Jesus cai pela segunda vez
Dirigente: Não obstante o auxílio do Cirineu,
a enorme fraqueza do Salvador fê-lo cair uma segunda vez no caminho do
Calvário. Esta segunda queda do Salvador lembra nossas repetidas culpas e, de
outro lado, da infinita misericórdia de Deus que só espera nosso arrependimento
para nos soerguer. Que a fraqueza do Redentor que o prostrou por terra, seja a
nossa fortaleza, e não nos permita aceitar um meio-catolicismo ao sabor da
sensualidade feito mais de quedas do que de virtudes.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
8ª
ESTAÇÃO
Das matronas piedosas,
De Sião filhas chorosas
É Jesus consolador.
Jesus consola as filhas de Jerusalém
Dirigente: Ao ver os tormentos a que os
sicários do Sinédrio submetiam Jesus no caminho do Calvário, umas piedosas
mulheres de Jerusalém não contiveram as lágrimas e expandiram em altos prantos
suas consternação. Jesus, agradecido, exortou-as a que tornassem profícuos seus
prantos, chorando mais por elas e seus filhos, do que por Ele.
O que Jesus deseja é a nossa salvação. Por isso
ferem-Lhe mais nossos pecados do que O afligem as chagas de seu corpo ou Lhe
pesa a coroa de espinhos. “Chorai por vós e por vossos filhos” – nos repete o
Senhor, quando nos vê mais preocupados com nossas moléstias e os bens terrenos
do que com os nossos pecados. Abra-nos os olhos a virgem Santíssima para
purificar nosso catolicismo.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
9ª
ESTAÇÃO
Cai terceira vez prostrado,
Pelo peso redobrado
Dos pecados e da cruz.
Jesus cai pela terceira vez
Dirigente: Novamente a extrema debilidade
prostra a Jesus por terra. É mais uma humilhação que se junta a todas, as
outras igualmente atrozes a que se sujeitou o Salvador na sua Paixão.Fê-lo por
nosso amor, nossa salvação, mas também para que compreendêssemos que, sem a
aceitação amorosa das humilhações que Nosso Senhor nos envia, não participamos
da Redenção, porquanto não nos assemelhamos a Jesus Cristo. Que a Virgem
Santíssima, Mãe das Dores, nos compenetre desta verdade.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
10ª
ESTAÇÃO
Dos vestidos despojado,
Por verdugos maltratado
Eu Vos vejo, meu Jesus.
Jesus é despojado de suas vestes
Dirigente: Chegado ao Calvário, foi , Jesus
despudoradamente despido de suas vestes pela soldadesca imunda. Jesus, o
cândido lírio da inocência, mais branco, mais puro do que o mais puro arminho e
que a mais branca neve, é apresentado nu aos olhos da multidão, tendo apenas
para velar seu corpo sagrado a túnica do seu sangue sacrossanto. Foi certamente
a mais sensível das humilhações a que nossos pecados submeteram o Filho de
Deus. No entanto, é a humilhação a que mesmo as pessoas que se dizem cristãs e
tementes a Deus, continuam a submeter o Divino Salvador. A Virgem Mãe, pureza
alvinitente, nos alcance o apego ao recato, à modéstia, ao comedimento, que são
as condições indispensáveis para a prática da virtude.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
11ª
ESTAÇÃO
Sois por mim à Cruz pregado,
Insultado, blasfemado
Com cegueira e com furor.
Jesus é pregado na Cruz
Dirigente: Estirado Jesus sobre a Cruz,
esticaram-Lhe violentamente os membros e os cravaram no madeiro com grossos e
pontiagudos cravos. O suplício da Cruz era reservado aos escravos, com os quais
era legítimo não ter a menor comiseração. Além disso, Jesus Cristo foi
crucificado entre dois ladrões, como a indicar – diz S. Boaventura – que era o
pior deles. Tudo concorria para levar aos extremos os sofrimentos físicos e
morais do Divino Salvador. Cravado na Cruz após a flagelação e coroação de
espinhos, não é possível imaginar sofrimentos mais atrozes. Considerado
malfeitor vil e abjeto como os crucificados, é impossível humilhação maior. Pois
esses sofrimentos, essas humilhações foram o preço de nossos pecados. Foi assim
que Ele nos libertou da escravidão do demônio da morte eterna, e nos mereceu o
céu no seio de Deus. Com o coração agradecido, aprendamos a apreciar as
humilhações e os sofrimentos com que Deus purifica a nossa alma, especialmente
quando exigidos pelo cumprimento dos deveres de nosso estado.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
12ª
ESTAÇÃO
Por meus crimes padecestes.
Meus Jesus, por mim morrestes.
Como é grande a minha dor!
Jesus morre na Cruz
Dirigente: Depois de três horas de tormentosa
agonia, Jesus inclinou a cabeça e morreu. Consumou-se o sacrifício. O véu do
templo rasgou-se de alto a baixo anunciando a abolição da lei mosaica
substituída pela lei de Cristo que a aperfeiçoa e supera, e atinge todos os
homens. Exclama São Paulo: “Estou pregado na cruz com Cristo.” É este também o
ideal da vida do fiel: unir-se a Jesus Crucificado. Ou seja, tomar o caminho da
renúncia de si mesmo na obediência aos legítimos superiores, nas humilhações,
no espírito de mortificação, nos sacrifícios exigidos para o cumprimento dos
próprios deveres. São as disposições da alma que pedimos à Virgem Santíssima
presente ao pé da Cruz.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
13ª
ESTAÇÃO
Do madeiro Vos tiraram
E à Mãe Vos entregaram,
Com que dor e compaixão.
Jesus é descido da Cruz
Dirigente: Nicodemos e José de Arimatéia
obtiveram de Pilatos o corpo de Jesus. Cuidadosamente O retiraram da Cruz e O
entregaram à sua Mãe, Maria Santíssima, a quem Ele pertencia por direito
materno. A Virgem Mãe contemplou em silêncio a retidão profunda daquele rosto
sempre senhor de si mesmo, embora desfigurado pelos atrozes sofrimentos e morte
violenta. Contemplou, adorou, e O apresentou ao Padre Eterno como propiciação
pelos nossos pecados, nossos de seus filhos adotivos. Habituemo-nos a viver com
Maria. Ela nos levará a Jesus. Ela nos dará sua graça e seu vigor para
triunfarmos da multidão dos atrativos para o mal que emergem de uma sociedade
imersa no egoísmo e na sensualidade.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
14ª
ESTAÇÃO
No sepulcro Vos deixaram,
Sepultado Vos choraram,
Magoado o coração.
Jesus é depositado no sepulcro
Dirigente: Atendida a exigência de seu direito
materno, Maria Santíssima acompanho o enterro de Seu Divino Filho organizado
por Nicodemos e José de Arimatéia. Foi Ele deposto num sepulcro novo, aberto na
rocha, no qual ninguém tinha ainda sido sepultado.Sobre todos desceu um
ambiente de paz que sepultou o alarido da multidão infrene, quando pedia a
morte do Salvador. A paz do Senhor é a paz de consciência que repercute no
homem todo, dando-lhe a sensação de um profundo bem-estar. Esta paz
encontramo-la quando desalojamos de nosso coração os sentimentos egoístas e
sensuais para enche-lo de caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo. Virtude que
obteremos pela intercessão de Maria Santíssima.
Pai-nosso,
Ave Maria, Glória
Meu Jesus, por vossos passos,
Recebei-me em vossos braços,
A mim, pobre pecador.
ORAÇÃO
FINAL À VIRGEM DOLOROSA
Ó
Maria, minha Mãe, compartilho conVosco as dores e sofrimentos que suportastes
no corpo e na alma, ao acompanhardes Vosso Divino Filho no caminho do Calvário,
e ao assistirdes à sua dolorosa e humilhante morte na Cruz.
Peço-Vos
que me guardeis sob vossa proteção para que não torne a pecar, renovando a
Paixão de Vosso Divino Filho.
(Padre-Nosso
e Ave-Maria, na intenção do Sumo Pontífice para se lucrarem as indulgências).
Pela Virgem Dolorosa,
Vossa Mãe tão piedosa,
Perdoai-me, meu Jesus!
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