Beata Clara Gambacorti, (1362-1420) viúva, freira dominicana,
reformadora, e abadessa
Hoje
(17 de abril) celebramos a festa de Beata Clara Gambacorti, uma viúva e freira
Dominicana, que era conhecida pela observância religiosa de sua comunidade e
sua grande caridade e perdão.
Em
Pisa, da Toscana, beata Clara Gambacorti, que, ao perder ainda muito jovem a
seu esposo, aconselhada por santa Catalina de Siena, fundou o mosteiro de santo
Domingo sob uma austera Regra e dirigiu com prudência e caridade as irmãs,
distinguindo-se por haver perdoado ao assassino de seu pai e de seus irmãos (1419).Etimologicamente,
Clara significa aquela que está limpa de pecado, é de origem latina.
A
Beata Clara era filha de Pedro Gambacorti (o Gambacorta), que chegou a ser
praticamente o amo da República de Pisa. Clara nasceu em 1362; seu irmão, o
Beato Pedro de Pisa, era sete anos mais velho que ela. Pensando no futuro de
sua filhinha, a que a familia chamava Dora, apócope de Teodora, seu pai a
comprometeu a casar-se com Simón de Massa, que era um rico herdeiro, ainda que
ela só tinha sete anos.
Quando
seus pais a enviaram, aos doze anos de idade, para casa de seu esposo, já havia
começado a jovem sua vida de mortificação. Sua sogra se mostrou amável com ela;
mas, quando viu que era demasiado generosa com os pobres, lhe proibiu a entrada
na despensa da casa. Desejosa de praticar de algum modo a caridade, Beata Clara
se uniu a um grupo de senhoras que assistiam aos enfermos e tomou a seu cargo a
uma pobre mulher cancerosa.
A vida de matrimônio de Beata Clara durou muito pouco tempo; tanto ela como seu
esposo foram vítimas de uma epidemia, em que seu marido perdeu a vida. Como a
beata era ainda muito jovem, seus parentes tentaram casá-la de novo, mas ela se
opôs com toda a energia de seus quinze anos. Uma carta de Santa Catalina de
Siena, a quem havia conhecido em Pisa, a animou em sua resolução. Beata Clara
cortou os cabelos e distribuiu entre os pobres seus ricos vestidos, coisa que
provocou a indignação de sua sogra e de suas cunhadas.
Depois, com a ajuda de uma de suas criadas, convenceu-as a organizar em segredo
sua entrada na Ordem das Clarissas Pobres. Quando tudo estava a ponto, fugiu de
sua casa para o convento, onde recebeu imediatamente o hábito e tomou o nome de
Clara. No dia seguinte, seus irmãos se apresentaram no convento a buscá-la; as
religiosas, muito assustadas, desceram-na pelo muro até aos braços de seus
irmãos, os quais a conduziram a sua casa.
Aí esteve Clara prisioneira durante seis meses, mas nem a fome, nem as ameaças
conseguiram fazê-la mudar a resolução. Finalmente, Pedro Gambacorti se deu por
vencido e não só permitiu a sua filha ingressar no convento dominicano da Santa
Cruz, mas prometeu construir um novo convento. Aí conheceu Clara a María
Mancini, que era também viúva e ia a alcançar um dia a honra dos altares.
Os escritos de Santa Catalina de Siena exerceram profunda influência nas
duas religiosas, as quais, no novo convento, fundado por Gambacorti em 1382,
conseguiram estabelecer a regra em todo o fervor da primitiva observância. A
Beata Clara foi primeiro sub prioresa e logo prioresa do convento, de que
partiram sucessivamente muitas das santas religiosas destinadas a difundir o
movimento de reforma em outras cidades de Itália. Até ao dia de hoje, se chama
em Itália as religiosas de clausura de Santo Domingo "As irmãs de
Pisa".
No convento da Beata reinavam a oração, o trabalho manual e o estudo. O diretor
espiritual de Clara costumava repetir às religiosas: "Não olvideis nunca
que em nossa ordem há muito poucos santos que não hajam sido também
sábios". Clara teve que fazer frente, durante toda sua vida, às
dificuldades económicas, pois o convento exigia constantemente alterações e
novos edifícios.
Giacomo Appiano, a quem Gambacorti havia ajudado sempre e em quem havia posto
toda sua confiança, assassinou-o à traição, quando este se esforçava por manter
a paz na cidade. Dois de seus filhos morreram também a mãos dos partidários do
traidor. Outro dos irmãos de Clara, que conseguiu escapar, chegou a pedir
refúgio no convento da Beata, seguido de perto pelo inimigo; mas Clara,
consciente de que seu primeiro dever consistia em proteger a suas filhas contra
a turba, se negou a introduzi-lo na clausura. Seu irmão morreu assassinado
frente à porta do convento, e a impressão fez com que Clara adoecesse
gravemente.
Sem embargo, a Beata perdoou tão de coração a Appiano, que pediu que lhe
enviasse um prato a sua mesa para selar o perdão, compartilhando sua comida.
Anos mais tarde, quando a viúva e as filhas de Appiano se achavam na miséria,
Clara as recebeu no convento.
A Beata sofreu muito até ao fim de sua vida. Recostada em seu leito de morte,
com os braços estendidos, murmurava: "Jesús meu, eis-me aqui na
cruz". Pouco antes de morrer, um radiante sorriso iluminou seu rosto, e a
beata bendisse a suas filhas presentes e ausentes. Tinha, ao morrer, cinquenta
e sete anos. Era em 17 de abril de 1420. Seu culto foi confirmado em 1830 pelo
Papa Pío VIII.
Oração O
misericordioso Deus, concedei-nos o espírito de oração e penitência que
seguindo nos passos de Beata Clara, sejamos dignos de ganhar a coroa que ela já
recebeu no céu. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
Comemorações Dominicanas do Oficio:
Lauds:
Ant. Manum suam apéruit ínopi, et palmas suas exténdit ad páuperam: fortitúdo et decor induméntum ejus, et ridébit in die novíssimo (Allelúia).
V. Elégit eam Deus et praeelgit eam (Allelúia).
R. Et habitáre eam facit in tabernáculo suo (Alleluia).
Vespers:
Ant. Veni, elécta mea, et ponam in te thronum meum, quia concupivitRex spéciem tuam (Alleluia).
V. Ora pro nobis, beáta Clara Gambacorta (Alleluia).
R. Ut digni efficiámur promissiónibus Christi (Alleluia).
Orémus
Tribue nobis, miséricors Deus, spíritum oratiónis et poeniténtiae, ut, beátae Clarae vestígiis inhaeréntes, mereámur, quam ipsa in caelis accépit, corónam obtinére. Per Christum Dóminum nostrum.
R. Amen
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